2019 foi marcado pela aposta em construção nova por parte das promotoras imobiliárias. Se em 2018 já se verificava esta tendência como grande oportunidade para o reforço da oferta que o mercado necessitava, o último ano revelou um cenário idêntico, sendo esta uma das soluções ao “problema habitacional” segundo vários intervenientes.
De facto, Portugal sofre neste momento de uma escassez no que toca à oferta imobiliária, especialmente nos principais polos urbanos. E, deste modo, aumentar a oferta através da construção de novos empreendimentos significa gerar um ajuste no preço das casas, que alcançou valores recorde nos últimos anos e começa agora a abrandar lentamente.
Construção nova por reabilitação não é suficiente
Luís Lima, presidente da Associação dos Profissionais e Empresas de Mediação Imobiliária de Portugal (APEMIP), defende que a solução para o problema do mercado habitacional é haver por um lado um ajuste de preços e por outro a construção nova. “A reabilitação não chega e a maior parte é feita no centro das cidades, onde os preços são elevados. Ou seja, precisamos de construção nova em sítios onde os preços para a bolsa portuguesa estejam mais baratos”, sublinha.
João Pedro Pereira, membro da Comissão Executiva da ERA, partilha também desta opinião na medida em que defende ainda haver espaço no mercado para mais projetos de construção nova. Contudo destaca que “a oferta demora muito tempo a reagir porque é preciso construir as casas. É preciso encontrar o sítio para construir, é preciso obter licenças, é preciso fazer a construção e, portanto, demora vários anos até que a oferta no mercado imobiliário reaja às condições macroeconómicas, agora bastante favoráveis”.
A construção nova está a ganhar peso na oferta de mercado, factos que são sustentados pelos dados de várias entidades como o Instituto Nacional de Estatística (INE) que revela terem sido licenciados 5,7 mil edifícios no 3º trimestre de 2019, mais 5,9% quando comparado com o período homólogo. Estes dados revelam a evolução do dinamismo no setor da construção que promoveu o acréscimo dos edifícios licenciados tanto para construção nova como para reabilitação de 6,2% e 3,9%, respetivamente.
Em outubro do ano passado, no decorrer do Salão Imobiliário de Portugal (SIL), foi revelado que 75% dos promotores e investidores imobiliários pretendem lançar novos projetos nos três meses seguintes. O próprio evento surgiu também como uma espécie de montra para a divulgação de novos projetos que irão nascer por todo o país, muitos deles de acordo com a procura por se tratar de empreendimentos para a classe média.
