Impacto do Coronavirus afeta cobrança de NPL, diz Moody’s

Impacto do Coronavirus afeta cobrança de NPL, diz Moody’s

Impacto do Coronavirus afeta cobrança de NPL, diz Moody’s 700 436 Hipoges

A agência de notação financeira Moody’s adverte para os atrasos nas recuperações de titularização de NPL dado o impacto acentuado do coronavirus no funcionamento dos sistemas judiciais. O fecho dos tribunais e a suspensão de inspeções e leilões afetou diretamente as decisões judiciais, sendo que “até os tribunais voltarem à atividade normal, as recuperações das transações serão adiadas” explica a agência.

A incerteza provocada pelo surto do novo coronavirus veio afetar o funcionamento do mercado imobiliário e a segurança do investimento tanto em transações de NPL como nos restantes ativos. O prolongamento das moratórias de crédito e outras medidas de proteção a devedores são motivo de preocupação visto afetar diretamente a liquidez das transações imobiliárias.

Com a situação a afetar as economias dos vários Estados-Membros e num panorama mundial, a Moody’s prevê um impacto global nos resultados de 2020 e uma recuperação a começar apenas no ano 2021. A agência fala ainda de um “choque sem precendentes” com baixas previsões de crescimento para 2020 dada a suspensão da atividade em vários setores e o consequente aumento de custos económicos, numa altura em que os Governos se preparam para aplicar políticas de combate a uma nova recessão.

Preços de mercado irão oscilar

Já no que diz respeito aos preços imobiliários estes poderão oscilar dependendo da amplitude do abrandamento económico e do impacto nos diferentes segmentos do mercado. No caso de Itália, um dos países com maior presença do vírus na Europa, o impacto deste indicador no mercado de habitação será menor, visto não ter registado grandes aumentos de preço das casas em 2019.

Também o segmento comercial será afetado no geral neste ano 2020. Prevê-se que a procura por propriedades terciárias e turísticas reduza substancialmente dada a situação descrita como “muito incerta”. “O vírus afectará também a capacidade dos agentes de venderem empréstimos a outras entidades ou de chegarem a acordos extrajudiciais com mutuários neste clima de incerteza”, afirmam.

A agência explica ainda que com um fluxo de caixa nulo ou reduzido é essencial que exista liquidez nas transações existentes para que seja possível cobrir o pagamento de custos e juros de notas, sem que haja a necessidade de recorrer a reservas.

A Moody’s dá a Portugal a notação Baa3 positivo considerando um contexto de crescimento económico lento, mas com perspetivas bancárias a passar de estáveis a positivas desde 11 de novembro de 2019.

No caso de Espanha, a notação é Baa1 estável. Segundo a agência, foi a 26 de março, quando o vírus se preparava para atacar o mercado e desvalorizar a qualidade e rentabilidade dos ativos, que a perspetiva do sistema bancário passou de negativa a estável. Ainda assim, considera esta notação dada “a perspetiva soberana ser estável”.

Por fim, Itália, com notação Baa3 estável, mantém uma perspetiva soberana. Quanto às perspetivas de notação de depósitos a longo prazo  de alguns bancos, a situação passou a negativa no início do surto de coronavirus em meados de Março dado o impacto na rentabilidade e qualidade dos ativos do setor.

A evolução desta situação estará ligada ao regresso à nova normalidade e à adaptação do sector financeiro e judicial para o desenvolvimento da sua atividade. Espera-se que o mercado venha a assistir a uma venda massiva de carteiras NPL quando o atual impasse terminar, o qual já está a dar sinais de recuperação.