O valor é de 619M de euros e refere-se ao valor total de transações, durante o 3º trimestre do ano de 2020, que refletem como o setor imobiliário será um dos mais prováveis vencedores da crise pandémica, quando se vê um crescimento exponencial de 529M€ em comparação ao 3º trimestre.
No mais recente boletim Market Pulse da consultora JLL, que contém análises trimestrais dos mais variados setores imobiliários em termos de desempenho e investimento, demonstra que os primeiros nove meses do ano de 2020 arrecadaram um total de 2.213M de euros.
Este penúltimo e terceiro trimestre foi fortemente marcado pela venda do parque de escritório Lagoas Park, que representou um total de 421M€, a venda de um conjunto de lojas Leroy Merlin e um a compra de um portfólio de 5 supermercados. Este trimestre tem uma equivalência de cerca de 40% do volume de transações que diz respeito aos valores do 1º trimestre, mas ainda demonstra valores recorde, contando com yields que se mantiveram em mínimos na maioria dos setores.
2020 Como o Possível Terceiro Melhor Ano de Sempre
O Diretor Geral da JLL, Pedro Lancastre, afirma que este tipo de resultados representam uma grande importância, agora que o ano está a terminar. Apesar desta realidade que vivemos e de todas as consequências que a mesma implica, Pedro Lancastre diz que os investidores “continuam ativos”, que mantém interesse em ativos de setores que sofreram mais, como o retalho, a hotelaria ou os escritórios, e em ativos de renovado interesse como a habitação e a logística, praticando “rentabilidades mais baixas em prol de um produto mais resiliente”.
Para o resto do ano, o Diretor Geral da JLL conta que, com este trimestre fechado e com estes resultados, pode garantir-se que os negócios que estavam a decorrer, vão continuar e serão fechados nos próximos meses, sem grandes ajustes. O interesse nos “setores tradicionais” mantém-se por parte dos investidores ainda que com cautela, isto é, nos setores de retalho, hotelaria, comércio e escritórios, mas existe uma crescente quantidade de oportunidades a surgir nos setores anteriormente considerados alternativos. Pedro Lancastre afirma, ainda, que a “atividade no 4º trimestre possa ser semelhante à do 3º trimestre, colocando o total do ano em cerca de 2.700 euros a 2.800 milhões de euros, o terceiro melhor ano de sempre”, provando uma vez mais que o setor imobiliário português continua na mira dos investidores.
O Que Sabemos do Setor dos Escritórios?
Este último trimestre resultou num total de atividade ocupacional de cerca de 18.000 m2, sendo o valor total do ano, até agora, 102.041 m2. Estes números estão um pouco abaixo do período homólogo, mas nada que não fosse expectável.
Muitas empresas com planos de mudança ou expansão, puseram uma pausa nos seus planos, sem nunca deixar de ter em vista cumprir essa possibilidade num futuro próximo, enquanto que outras empresas reduziram o espaço de escritórios, agora que existe mais oportunidade para o teletrabalho. No entanto, todos os ativos libertados que pressupõe qualidade são rapidamente adquiridos, o que demonstra que, apesar de tudo, não só existe um dinamismo na procura, como também se pode olhar para este setor com um pouco mais de esperança.
As rendas não demonstraram pressão e a taxa de disponibilidade marca 6,4%, com zonas a transparecerem valores nulos de disponibilidade. Ou seja, apesar de ter existido uma descida nos valores ocupacionais, o ano pode acabar com um olhar esperançoso sob o setor dos escritórios.
E Quanto ao Setor do Retalho?
Apesar de vários setores terem vindo a sentir na pele a crise pandémica, como o setor do grande comércio ou da restauração, existem valores positivos noutros setores mais inesperados, como o setor do comércio local e de proximidade. Este setor teve um papel importante devido à proximidade com as habitações e pela sensação de segurança que estes espaços transmitem. Outro setor é o comércio online, que tem sido uma das estrelas desta nova realidade.
Nos setores de atividade, os que têm registado números melhores são o bricolage, a decoração e o setor alimentar. O terceiro trimestre demonstrou ser um período de estabilização depois das quedas dos trimestres anteriores.
O Setor Mais Resiliente é o da Habitação
Tendo em conta que 2019 foi um ano recorde e que a descida deste trimestre, em relação ao período homólogo, é de cerca de 11%, é possível afirmar-se que o setor da habitação tem se demonstrado bastante resiliente.
Este trimestre teve várias características que contribuíram para a estabilização do setor, como um crescente equilíbrio entre a procura nacional e internacional e a marcação de preços. Os preços continuam em valores recorde, podendo afirmar-se que na “habitação premium em Lisboa, a Avenida da Liberdade apresenta-se como o eixo mais valorizado, em 10.500 euros/m2, seguido pelo Chiado, em 9.000 euros/m2, e pela Zona Histórica, em 7.500 euros/m2. Nas restantes zonas da cidade, os valores oscilam entre os 5.000 euros/m2 e os 6.500 euros/m2, evidenciando-se ainda o eixo Cascais/Estoril, entre 8.000 euros/m2 e 10.000 euros/m2.”.
O Diretor Geral da JLL, Pedro Lancastre, estima que com os resultados até agora demonstrados prevêem um resultado de final de ano bastante bom no setor da habitação. O valor é de 23.000M€, que mostra que o setor se manterá bem posicionado, mesmo após as travagens do 2º trimestre. Pedro Lancastre conclui dizendo que “continua a haver procura e à medida que o grau de incerteza for diminuindo, aumenta a confiança dos consumidores e a procura vai continuar a crescer” e que podemos contar com o avanço dos projetos que estavam para começar, que irão trazer oferta nova.
Fonte: Diário Imobiliário