Entrevista a Margarida Maia – HipoGes Women’s Month

Entrevista a Margarida Maia – HipoGes Women’s Month

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Quem é a Margarida Maia? Conte-nos um pouco sobre si e a sua carreira

Sou mulher, mãe, filha, irmã, amiga, profissional e de nascença uma pessoa otimista.

Sou Advogada de profissão. Comecei numa sociedade de Advogados, mas os meus interesses levaram-me para as áreas empresariais e estive 12 anos no Grupo GE Capital, onde desempenhei várias funções e tive oportunidade de trabalhar em vários países e projetos. Em 2013, integrei a equipa de gestão da Whitestar e no final de 2015, mudei para a HIPOGES, como COO em Portugal e atualmente com um novo desafio global, como Chief Services Officer para toda a estrutura.

Durante o meu percurso, encarei sempre todos os desafios como oportunidades para crescer profissionalmente e pessoalmente, e muito tenho a agradecer a todas as pessoas que me acompanharam e ajudaram nesse processo.

Na sua opinião, quais são os principais desafios que as mulheres enfrentam no dia-a-dia e no mundo do trabalho?

Desde tenra idade, somos levados a acreditar que nem tudo é para todos e que homens e mulheres têm funções diferentes e predefinidas, que não podem ser modificadas: coisas de meninas e coisas de meninos.

Pode parecer inocente, mas aí começa a formar-se na cabeça dos futuros adultos qual será o papel de homens e mulheres na sociedade – o que se reflete na vida pessoal, nos estudos e, finalmente, no mercado de trabalho.

Para algumas mulheres, um dos grandes desafios no dia a dia é enfrentarem as jornadas duplas ou triplas: mãe, profissional e dona de casa; pelo menos o meu é, mas no geral o desafio é superar a ideia ou preconceito que ser mulher prejudica a construção de uma carreira e conseguir igualdade de oportunidades.

Qual é o feito de que mais se orgulha?

A educação que obtive dos meus pais e aquela que tento dar aos meus filhos: como seres humanos iguais, com oportunidades iguais e aquilo que somos e que defendemos é o que nos caracteriza.


Que medidas acredita serem as necessárias para se atingir uma verdadeira igualdade?

Finalmente, as mulheres começam a posicionar-se profissionalmente e a exigir respeito.

É necessário um processo de aprendizagem social amplo para compreender que o perfil de liderança compete aos dois géneros. Ambição, coragem, tomada de decisão e força são intrínsecos aos humanos tal como a empatia, acolhimento e sensibilidade – todos igualmente importantes no exercício da liderança – não competem somente às mulheres ou aos homens.

Nessa medida é importante, ensinar aos futuros adultos, esses comportamentos.

Temos de romper a barreira que as mulheres que ascendem a cargos de liderança, têm de incorporar comportamentos que reforçam atributos ditos ‘masculinos’ ou o estigma de que mulheres em altos cargos, chegaram à chefia pelo seu poder de sedução ou pelos seus atributos físicos, quando o que deveria ser enaltecido é a qualificação do profissional, independentemente do género. Realço que muitas destas críticas são feitas de mulheres para mulheres e de homens para homens, por isso compete a todos alterar a forma de pensar e agir.

Por fim, sendo eu Advogada, reforçar do ponto de vista legislativo, que não pode existir qualquer tipo de discriminação seja em razão do género, raça, orientação sexual, religião, nacionalidade, etc.


Qual é o fator diferencial com o qual as mulheres podem contribuir na empresa?

Acho que o facto de sermos multitarefa ou switch tasks, pode contribuir bastante, já que traz mais vantagens que desvantagens, no entanto, cabe à mulher delimitar o que consegue fazer por dia. Temos sempre alguma tendência para achar que conseguimos fazer tudo – e por causa disso somos bastante motivadoras – mas, acabamos por nos prejudicar pela incapacidade de dizer “não”.

A capacidade de administrar conflitos, a resiliência proveniente de lidar com adversidades desde sempre e maior inteligência emocional, também é um ponto positivo da característica feminina, num meio profissional como o nosso.


O que acha de se comemorar o Dia Internacional da Mulher?

No dia em que deixar de fazer sentido comemorar o dia Internacional da Mulher, seria uma excelente notícia, significaria que já temos igualdade e que a equidade foi atingida. É preciso lembrar que ainda existe um caminho a percorrer.

Apesar de todos os avanços relativos aos direitos das mulheres, nenhum país atingiu a igualdade plena.

Até lá é preciso continuar a chamar a atenção.


Que mensagem gostaria de passar às jovens?
Creio que as próximas gerações de mulheres terão ainda mais sucesso e mais destaque no mercado de trabalho, mas não devem potencializar os problemas, mas sim a capacidade de solucioná-los.  É a nossa postura diante das dificuldades que nos faz mais ou menos competentes.

Educação, empreendedorismo, confiar nas nossas capacidades e nunca desistir de lutar pelo que acham justo e merecem.

Ter sorte dá muito trabalho e tirem os sonhos da gaveta!